“Ele é um dos maiores editorialistas da história da imprensa brasileira”, resume ao Mais Goiás o jornalista Weliton Carlos sobre Batista Custódio. Editor do Diário da Manhã onde trabalha desde 1994, o profissional conviveu por quase três décadas com seu fundador, que faleceu na manhã desta sexta-feira (24/11) em decorrência de uma série de complicações na saúde, acentuadas por um câncer diagnósticado em 2021.
Mesmo priorizando os cuidados com a saúde, Carlos revela que Batista Custódio nunca deixou de participar de decisões estratégicas do jornal. “Nos últimos anos, sua lucidez e responsabilidade me surpreenderam como profissional. Longe da redação, para cuidar de sua saúde, sempre ao fim do dia, por telefone, decidia títulos, manchetes, angulações e sugeria abordagens como um homem a mais no front, lutando contra fake news, desprestígio dos comunicadores frente aos governos autoritários e violências institucionais contra minorias”, destaca.
Ao Mais Goiás, Ulisses Aesse que também trabalhou por mais de duas décadas com Batista Custódio destacou a sua importância para o jornalismo. “O jornalista Batista Custódio é um exemplo da democratização da imprensa no Brasil. Sempre lutou pelas liberdades, as de opinião e expressão, e colocou os seus jornais, o Cinco de Março e o Diário da Manhã, como faróis dessa liberdade. Íntegro, sonhou com uma imprensa livre, soberana, onde as ruas passassem pela redação do DM, que chegou a reunir em épocas cíclicas e magistrais, grandes profissionais da imprensa nacional”, enfatiza.
O jornalista Carlos Medina conheceu Batista Custódio em 1977 na faculdade de jornalismo da Universidade Federal de Goiás (UFG). Desde então, estabeleceram uma amizade muito próxima. “Tínhamos muitas boas conversas no Café Central em Goiânia”, revela.
Medina lembra que por duas vezes o Diário da Manhã foi fechado por conta de atritos políticos de uma época em que a repressão jornalística era grande. “Idealista, Custódio batalhou para reabrir o jornal. Eu falava, ‘você é louco!’. E ele dizia que era apenas um apaixonado pelo trabalho. Ele era um workaholic!”, destacou.
A última vez que ambos se encontraram foi há aproximadamente duas semanas. Já no leito hospitalar Custódio estava abatido, mas otimista de que se recuperaria. “Ele me disse que estava confiante que logo iria voltar ao comando do jornal. Era o desejo dele voltar a tocar o Diário da Manhã. Ele era uma obra de arte do jornalismo goiano”, finaliza.
Detalhes do velório e enterro de Batista Custódio
O velório do jornalista e fundador do Diário da Manhã, Batista Custódio que faleceu na manhã desta sexta-feira (24/11) tem previsão para começar as 15 horas no cemitério Jardim das Palmeiras e o enterro no cemitério Santana, ambos em Goiânia. A previsão é q informação foi confirmada pelo filho do editorialista, Júlio Nasser.
Ele revela que um dos principais desejos do pai era ser enterrado no mesmo local em que Alfredo Nasser, tio da primeira esposa, Consuelo Nasser de quem era muito amigo. “Ele será enterrado no tumulo do tio Alfredo. Ele pediu para ser enterrado ali. Eles eram amigos demais”, comentou.
Batista Custódio estava internado desde o último dia 3 deste mês no Hospital São Francisco em tratamento de uma severa pneumonia que o levou a UTI. Há 2 anos, ele também tratava um câncer que de acordo com Nasser estava sob controle.