Manifestações exigindo exceções urgentes contra as mudanças climáticas acontecem hoje em todo o mundo – há relatos de protestos em mais de 2 mil lugares.
Chamadas de Marcha Popular pelo Clima (Caminhada pelo Clima, no Brasil) pedem a redução de emissões de carbono antes do início da conferência do clima da ONU, que acontece em Nova York na próxima semana.
Em Manhattan, milhares de pessoas estão em uma manifestação que tem a presença do próprio secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, e do astro de cinema Leonardo DiCaprio, que foi nomeado representante da mudança climática da ONU na semana passada.
“Este é o planeta onde as próximas gerações vão viver. Não existe plano B, porque não temos o ‘Planeta B'”, disse Ban Ki-moon a jornalistas.
O secretário-geral é acompanhado pela primatologista Jane Goodall e pela ministra francesa da Ecologia, Segolene Royal.
Os organizadores do evento de Manhattan dizem ter atraído 550 ônibus lotados de ativistas – o que dizem ser o maior protesto sobre o tema nos últimos cinco anos.
Eles afirmam que a mobilização pretende transformar a mudança climática “de preocupação ambiental no assunto de todos”.
Executivos, ambientalistas e celebridades também realizam manifestações em 161 países – entre eles Reino Unido, Afeganistão e Brasil.
‘Partida de pôquer’
Na Austrália, os organizadores disseram que cerca de 20 mil pessoas compareceram às ruas de Melbourne para pedir ao primeiro-ministro Tony Abbott para fazer mais a respeito das mudanças climáticas.
O correspondente da BBC em Sydney, Phil Mercer, diz que os manifestantes temem que o país enfrente mais períodos severos de seca, incêndios florestais e tempestades caso as emissões de gases de efeito estufa sejam não reduzidos.
No Brasil, cerca de quatro mil pessoas participaram da Caminhada pelo Clima, sob a chuva, no Rio de Janeiro.
Na sexta-feira à noite, os organizadores iluminaram a estátua do Cristo redentor de verde e projetaram mensagens convidando à participação na manifestação.
Na próxima terça-feira, a ONU realizará uma conferência sobre o clima em sua sede, em Nova York, com a presença de 125 chefes de Estado e de governo – a primeira reunião do tipo desde a conferência de Copenhague, em 2009, considerada um fracasso.
Ban Ki-moon diz esperar que os líderes mundiais consigam, desta vez, avançar em um acordo universal a ser assinado por todos os países no final de 2015.
Ele disse que iria “dar os braços àqueles protestando por ações contra a mudança climática” para mostrar que a ONU está “com eles do lado certo deste assunto chave para nosso futuro comum”.
O analista de meio ambiente da BBC, Roger Harrabin, diz que, apesar da mobilização, ainda pode ser difícil conseguir um acordo entre os países sobre o clima.
“Os protestos trouxeram mais pessoas do que nunca às ruas, graças ao poder do site de campanhas virtuais Avaaz. E Ban Ki-moon espera conseguir algo novo em meio ao ‘culpe seu vizinho’ comum nas conferências climáticas”, disse Harrabin.
“Desta vez, ele convidou os líderes mundiais para fazer sugestões públicas de ações para lidar com o problema. Certamente alguns países menores farão novas contribuições, mas os grandes jogadores continuarão a partida de pôquer, segurando as cartas até avaliarem o que está na mesa. “