Preso desde o dia 4 de abril suspeito de cometer crimes sexuais, o pastor e fundador da igreja A Casa, Davi Passamani, teria criado cultos para os jovens do seu templo religioso com títulos como “Vem, Novinha”, “Rei do Camarote”, “Tinder, o Culto” e “Open Bar, o Culto”. Os temas são diferentes do que é geralmente utilizado por igrejas evangélicas.

Os cultos focados em jovens foram realizados antes das acusações contra o pastor se tornarem públicas. A Casa Share, ministério de jovens da Igreja Casa, realizou o culto “Vem, Novinha” em 13 de agosto de 2022. Na ocasião, Davi cantou a música sertaneja “É o Amor”, clássico de Zezé di Camargo e Luciano.

Como justificativa para as ações que se diferenciam do pregado pelo segmento evangélico, Passamani disse, durante uma pregação, que “vai ter momentos que para derrubar os inimigos lá fora, nós vamos ter que derrubar a espada que eles usam”.

Segundo reportagem publicada pelo portal O Fuxico Gospel na época, o culto reuniu mais de mil jovens. Giovanna Lovaglio, ex-mulher de Davi Passamani e atual pastora da Igreja Casa, explicou ao portal que foram distribuídas “mais de 500 coroas para elas e explicamos que merecem ser tratadas como princesas”.

O Jornal Opção entrou em contato com a pastora Giovanna Lovaglio para que se posicionasse em relação ao título dos cultos e se a igreja continua promovendo encontros religiosos com temas semelhantes, mas não obteve retorno. A reportagem também entrou em contato com o advogado Leandro Silva, que representa a defesa do pastor Davi, para questionar sobre os títulos e a prisão. Porém, não obteve retorno até a publicação desta reportagem.

Crimes sexuais

Davi Passamani é fundador da Igreja Casa e atualmente pastor da Igreja US Goiânia. Ele foi preso no dia 4 de abril, em Goiânia, por importunar sexualmente uma das fiéis do templo religioso. Porém, essa não é a primeira vez que o pastor é investigado por supostos abusos cometidos contra frequentadores da igreja.

Outros dois ex-membros do templo religioso já o denunciaram pelo mesmo crime desde de 2020. Entretanto, ele foi absolvido pela Justiça em um dos casos e fez um acordo em outro, tendo que pagar R$ 50 mil à vítima por danos morais.

O pastor usava versículos bíblicos para cooptar e, em seguida, praticar os crimes sexuais contra as vítimas. A delegada Amanda Menuci, responsável pelo caso, afirmou que o líder religioso escolhia mulheres fragilizadas emocionalmente e que estavam com problemas dentro do casamento.

“O [último] crime sexual ocorreu em dezembro de 2023. Tudo se dava devido à hierarquia religiosa que o pastor tinha sobre as vítimas. Para elas, o pastor era uma pessoa superior, visto até como um representante de Deus na Terra. Não há como falar em consentimento. O crime era sempre se valendo da religião”, explicou a delegada.

Amanda diz que as vítimas procuravam Davi para contar sobre os problemas no casamento, a fim de buscar orientação. Se aproveitando disso, o líder religioso começava a conversar com as vítimas pelo meio digital e, depois de algumas mensagens, entrava no assunto sexual.

No caso da nova vítima, além de mostrar os órgãos genitais para ela, o pastor teria determinado que ela se tocasse durante uma chamada de vídeo. Para a delegada, os pedidos eram como uma espécie de ordem, devido à figura religiosa que Davi representava.

Em fevereiro ele foi ouvido pela PC e questionado sobre as acusações, mas permaneceu em silêncio. Davi chegou a renunciar ao cargo de presidente e líder religioso da igreja A Casa, em dezembro de 2023, depois da repercussão dos crimes sexuais.

“Naquela ocasião ele não representava risco, entretanto, a Polícia Civil teve notícias de que ele voltou a exercer a vida religiosa, que era o meio onde ele captava as vítimas. Diante disso, representamos pela prisão preventiva dele, buscando a proteção das mulheres que poderiam ser vítimas potenciais deste homem”, afirmou a delegada

A prisão de Davi foi chancelada pelo Ministério Público (MP) e decretada pela Justiça. Ele continua detido e à disposição do Poder Judiciário, segundo Amanda. O pastor, à princípio, será indiciado por importunação sexual.

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