O corpo de Santa Teresa de Jesus, ou Teresa de Ávila, foi recentemente exumado na Espanha, mais de quatro séculos após sua morte, para um estudo científico conduzido por especialistas. A santa, que faleceu há 442 anos, surpreende os estudiosos, especialmente pela preservação de seus restos mortais, conforme relatado pela Igreja Católica.

Guardado sob um esquema de segurança que remonta ao século XVII, o túmulo da santa só pode ser aberto com a utilização de dez chaves. Essas chaves estão distribuídas entre diferentes autoridades: três estão com as Carmelitas Descalças, outras três com o padre geral da ordem em Roma, três sob a guarda do Duque de Alba, e a última permanece com o rei da Espanha. Cada conjunto de chaves dá acesso a uma parte do sistema de proteção que envolve o sepulcro, composto por uma grade, um cofre de mármore e outro de prata. No final de agosto, todas essas barreiras foram abertas, após o aval do Papa Francisco, para que o corpo pudesse ser estudado novamente.

A exumação envolveu a colaboração de cientistas e médicos italianos, cujo foco principal era a análise dos itens do túmulo de Santa Teresa, entre elas o corpo, o coração, um braço e uma mão. Na tradição católica, as relíquias não são meros artefatos históricos, mas pontes entre o físico e o espiritual, veneradas pelos fiéis como símbolos da presença divina na Terra.

Segundo informações divulgadas pela Diocese de Ávila, os primeiros exames indicam que o corpo da santa permanece notavelmente conservado, exatamente como foi observado na última exumação, realizada em 1914. Para confirmar essa preservação, foram comparadas fotografias tiradas há mais de um século, focadas no rosto e nos pés de Teresa de Ávila, comprovando a continuidade do estado de conservação. O fenômeno reforça o mistério em torno dessa figura emblemática da Igreja Católica.

“Não há cor, porque a pele está mumificada, mas é visível, especialmente na metade do rosto. É possível ver bem. Os médicos especialistas conseguem ver quase claramente o rosto de Teresa”, afirmou o padre Marco Chiesa, postulador geral da Ordem dos Carmelitas Descalços.

Os especialistas fizeram novas imagens e tiraram radiografias dos restos mortais da santa. O material coletado no local foi enviado a um laboratório na Itália. Nas próximas semanas, um relatório com conclusões científicas sobre a conservação da santa vai ser publicado.

“Sabemos, por estudos semelhantes, que poderemos conhecer dados de grande interesse sobre Teresa e também recomendações para a conservação das relíquias”, disse o padre Chiesa.

Santa Teresa de Ávila

Santa Teresa de Jesus nasceu em 1515 na cidade de Ávila, Espanha. Ainda adolescente, foi enviada a um internato, onde tomou a decisão de seguir a vida religiosa. Aos 20 anos, enfrentando a oposição do pai, Teresa fugiu de casa para ingressar no Convento da Encarnação, dando início a sua notável jornada espiritual.

Sua juventude foi marcada por um grave problema de saúde. Teresa chegou a ser enviada a uma curandeira famosa, mas o tratamento só agravou sua condição. Em determinado momento, chegou a ser dada como morta, mas, como narrou mais tarde, sua recuperação foi milagrosa e atribuída à intercessão de São José.

Santa Teresa em glória de Pietro Novelli.

Ao longo de sua vida religiosa, Teresa se destacou como uma reformadora. Seu trabalho foi crucial para revitalizar a ordem carmelita, fundando diversos conventos em toda a Espanha e enfrentando turbulências internas da Igreja Católica durante um período de mudanças profundas. Suas reformas moldaram o futuro da ordem e influenciaram as grandes transformações religiosas do século.

Além disso, Teresa de Ávila também deixou um legado literário significativo. Entre suas obras, o “Livro da Vida” se destaca, onde ela detalha suas experiências místicas, visões e lutas espirituais. Seus escritos, profundamente influenciados por sua fé e dedicação, são considerados marcos da literatura religiosa.

Em reconhecimento a sua espiritualidade e contribuição à Igreja, Teresa foi canonizada em 1622 pelo Papa Gregório XV. Décadas depois, em 1970, ela fez história novamente ao ser a primeira mulher a receber o título de “Doutora da Igreja”, um reconhecimento concedido pelo Papa Paulo VI em homenagem a sua teologia e exemplo de santidade.

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