O Laboratório de Ecologia e Biogeografia de Mamíferos (Lecobioma), da Universidade Estadual de Goiás (UEG), campus Quirinópolis, conduz um projeto que monitora e registra a presença de mamíferos ameaçados de extinção na região.
A equipe realiza o trabalho na Unidade de Conservação Refúgio de Vida Silvestre Serra da Fortaleza. O objetivo é, além de preservação das espécies, a conscientização da população para a importância da coexistência entre humanos e os animais silvestres, segundo professor e biólogo, Wellington Hannibal.
“O projeto iniciou em 2020 e a gente monitora essa área protegida a cada 3 meses. Com isso, a gente sabe quais são as espécies mais frequentes, quais são as espécies mais raras, que horário ficam mais frequentes”, explicou.
Segundo Hannibal, a presença da fauna de mamíferos desempenha um papel fundamental na manutenção do equilíbrio ecológico do meio ambiente, proporcionando recursos essenciais para a biodiversidade e melhorando a qualidade de vida para todos os seres vivos.
“Em 2024, vamos iniciar o projeto de coexistência, que vai tentar entender como as pessoas, geralmente proprietários rurais, enxergam esses animais, se positivamente, negativamente, o impacto. Porque temos onça-parda lá, jaguatirica, e tem relatos de proprietário dizendo que o animal estava comendo galinha, por exemplo. Então, a gente quer investigar isso mais de perto. Agora que a gente conhece a fauna dessa área protegida, a gente vai começar esse trabalho de coexistência”, revelou.
Os ecossistemas, ainda conforme o biólogo, operam como um intricado mecanismo, no qual todas as peças devem funcionar harmoniosamente, interagindo entre si para assegurar o funcionamento perfeito do conjunto.
“O que a gente vai fazer para os proprietários entendam os benefícios dos animais? É mostrando a função desses animais no ambiente. A gente mostra que a água desperta sementes, porque eles entendem que manter uma área verde é importante, por exemplo, para qualidade de água. Mas, para manter uma área verde, a gente precisa que em algumas dessas áreas sejam reflorestadas, que espécies nativas do cerrado continuem nascendo. Quem vai fazer isso? A anta dispersando sementes, o lobo-guará. A jaguatirica, mesmo o lobo-guará, são predadores de roedores que podem atacar a silagem”, argumenta.
Registros
O tatu-canastra, de nome científico Priodontes maximus, ostenta o título de maior tatu do planeta. Além disso, é reconhecido como um verdadeiro engenheiro dos ecossistemas, uma vez que desempenha um papel crucial na construção de ambientes subterrâneos que beneficiam outros animais.
A anta, cientificamente conhecida como Tapirus terrestris, destaca-se como o maior mamífero terrestre do Brasil. Sua relevância é notável devido ao papel crucial que desempenha na dispersão de sementes.
Ao percorrer longas distâncias em busca de alimento, a anta espalha as sementes das plantas que consome ao longo de seu trajeto, desempenhando assim um papel fundamental na regeneração e no equilíbrio dos ecossistemas.
O queixada (Tayassu pecari) é uma espécie que se destaca por sua tendência de andar em grandes grupos, embora tenha permanecido ausente por um longo período na porção sul do estado de Goiás.
Além disso, atua como um engenheiro ambiental, desempenhando um papel crucial no solo e nos vegetais. Sua presença é fundamental na formação de corredores de vida selvagem, contribuindo assim para a promoção da biodiversidade e para a sustentabilidade dos ecossistemas.
O lobo-guará (Chrysocyon brachyurus) é o maior canídeo selvagem da América do Sul e desempenha um papel importante como “agricultor do Cerrado”, pois dispersa sementes a longas distâncias do local onde foram colhidas.