O Grupo Fitotécnico do Centro de Cana IAC apresentou uma pesquisa que revelou uma redução na área de plantio de cana para a safra 2024/25, em sua 2ª reunião do ano, realizada no dia 23 de abril. O evento, que também marcou a comemoração dos 30 anos do Programa Fitotécnico do IAC, abordou diversas questões técnicas e econômicas relevantes para o setor bioenergético, reunindo especialistas e profissionais da área para discutir o futuro da produção de cana no Brasil.
Além disso, a pesquisa revelou mudanças nas técnicas de plantio: a Meiose, que é uma técnica de propagação vegetativa, ocupa 11,3% da área plantada, enquanto a Cantose, que envolve o uso de colmos inteiros, cresceu para 12%. O plantio tradicional ainda predomina, somando 76,7% das áreas. Outro dado importante é o aumento significativo na mecanização do plantio, que passou de 19,6% em 2023 para 31,1% em 2024. As empresas que combinam plantio manual e mecânico representam 47,4%, e aquelas que utilizam apenas o plantio manual somam 21,5%.
Na mesma reunião, Renato Trevizoli, da Agrícola Trevizoli, discutiu os desafios e oportunidades na implantação de canaviais. Ele enfatizou a importância do planejamento de renovação, da melhoria na fertilidade do solo, do controle de ervas daninhas e do uso de tráfego de colheita inteligente e bioinsumos para aumentar a produtividade. Trevizoli destacou que a saúde financeira das operações depende significativamente da distribuição varietal, afirmando que uma maior diversidade de variedades de cana reduz o risco de perda de produtividade.
Durante a 3ª Reunião do Grupo Fitotécnico de Cana IAC, realizada no dia 28 de junho, Haroldo Torres, economista do Pecege, apresentou uma análise econômica detalhada da safra 2024/25. Ele ressaltou que, após a supersafra de 2023/24, a produção de cana deve retornar a níveis praticados em safras anteriores, o que exigirá do setor ganhos de eficiência em produtividade, gestão e escala de negócios. Torres projetou uma queda no preço do ATR (Açúcar Total Recuperável) para R$1,1156, indicando um cenário de retração nos níveis de preço para a cultura da cana-de-açúcar.
José Luís Coelho, consultor técnico da Markestrat, discutiu as tendências e desafios para os biocombustíveis no Brasil, durante sua palestra “Tendências e Desafios dos Biocombustíveis no Mercado Brasileiro”. Ele apresentou uma perspectiva otimista para o mercado de etanol, destacando que a produção atual de 44 bilhões de litros, incluindo etanol de milho, precisará crescer significativamente nos próximos anos para atender à demanda futura, impulsionada pela adoção de veículos movidos a célula de hidrogênio. Coelho argumentou que essa necessidade elimina qualquer dúvida quanto ao futuro promissor do etanol.
A reunião também contou com a participação de José Guilherme Nogueira, CEO da Orplana (Organização de Associações de Produtores de Cana do Brasil), que apresentou uma pesquisa do Pecege traçando um perfil detalhado dos produtores de cana no Brasil. A pesquisa revelou que 60% das propriedades são de área própria, enquanto 40% se dividem entre parceria e arrendamento. Outras informações incluíram a distribuição da produção por região, a quantidade de cana processada e as práticas agrícolas adotadas.
Hamilton Ramos, do Centro de Engenharia e Automação do IAC, encerrou as apresentações discutindo as interações da unidade com o setor canavieiro, destacando os avanços em automação e tecnologia que têm potencial para transformar a produtividade e sustentabilidade das operações.