ma cena inusitada e perigosa foi registrada na zona rural do município de Crixás, a cerca de 310 km da capital goiana. As imagens mostram um pai que usa uma balsa improvisada e adaptada para fazer a travessia do rio Crixás-açu, com o objetivo de levar a filha de 11 anos para a escola.
Júlio César, que é operador de máquinas, leva aproximadamente 30 minutos, todos os dias, para fazer atravessar as águas e deixar a menina no ponto onde o transporte escolar passa.
De acordo com Júlio César, não há uma ponte segura, nem mesmo uma linha do transporte escolar nas proximidades da residência da família. Além dos riscos do trajeto, também há intempéries naturais. “Hoje mesmo ela não foi para a aula. Choveu muito à noite e encheu o rio. Nem na balsa deu para passar”, disse o pai ao portal Mais Goiás.
Júlio sai de casa aproximadamente às 10h30 para chegar até 11h na parada, onde a van que leva os meninos à escola passa. No ponto, relata que, às vezes, ainda espera mais alguns minutos até o veículo passar em um local sem estrutura adequada. “Se chove não tem ponto de apoio, não tem nada. Ontem eu embrulhei ela em uma lona, porque tava chovendo.”
Até o ano passado, a menina estudava em uma escola rural próximo à casa da família, no entanto, ela passou a frequentar o Colégio Estadual Prudência Ferreira de Faria em outubro de 2023. Segundo Júlio, ele já tentou ir à prefeitura pedir que a linha escolar passe próximo à sua residência. O que ouviu foi que, como a escola é estadual, quem deve providenciar o traslado é o Governo de Goiás.
De acordo com Júlio, a prefeitura de Crixás até se compromete em montar uma ponte que o atenda. Porém, se diz cansado apenas de promessas. “É uma ponte prometida há dez anos. Nossa região fica quase que isolada. Tem outro caminho para ir à cidade só que é longe. São 42km de estrada ruim, cheia de atoleiro e não tem jeito de passar. O caminho mais perto é passar pelo rio”, desabafa.
Ainda de acordo com o pai, o retorno é pior, já que a travessia é feita à noite. “Ela já veio com muito medo. A mãe dela fica apreensiva, as vezes até chora. A gente não quer tirar ela de maneira alguma da escola, mas já cogitamos isso”, explica o pai que indignado, reforça ter todos os impostos pagos em dia.
Por meio de nota, a Secretaria de Estado da Educação de Goiás (Seduc) informou que, “ao tomar conhecimento da situação em relação ao atendimento para uma estudante da Rede Estadual de Educação, a gerência de transporte escolar já começou as tratativas para melhorar o atendimento”.
