A mãe e a irmã do suspeito de matar aestudante Amélia Vitória de Jesus, de 14 anos, impediram que ele destruísse as provas que o ligavam ao crime, afirma a Polícia Civil (PC). Segundo a corporação, Janildo da Silva Magalhães, de 38 anos, matou a adolescente após ela sair para buscar a irmã na escola, em Aparecida de Goiânia, na Região Metropolitana da capital.

O g1 não localizou a defesa de Janildo até a última atualização desta matéria. Exames de DNA e imagens de câmeras de segurança ligam ele ao crime. “Foi [encontrado] esperma [dele] na região íntima da vítima”, disse o superintendente de Polícia Técnico-Científica, Ricardo Matos. O envolvimento do pedreiro, de 47 anos, que estava preso como possível autor, foi descartado.

O delegado responsável pelo caso, Eduardo Rodovalho, detalha que o suspeito chegou em casa na sexta-feira (1º), por volta das 7h, e pintou a bicicleta usada por ele no crime. “Quando passavam reportagens sobre o caso da Amélia, ele ficava com comportamento um pouco alterado. A família o conhece, a mãe o conhece e disseram que ele ficava alterado”, disse. Janildo ainda teria tentado destruir a camiseta usada no dia do crime.

“Ele rasgou [a camiseta] e deixou em um canto como se fosse queimar ou descartar”, revelou o delegado.

Segundo o investigador, a mãe e a irmã do suspeito não deixaram que ele destruísse a camiseta. “Elas tiraram do local e quando a polícia chegou, elas entregaram a camiseta para a equipe pericial”, detalhou Rodovalho. Além disso, vídeos mostram o suspeito andando com a estudante em uma bicicleta. Janildo responde na Justiça por um crime de estupro praticado em Rio Verde, em 2017, segundo a polícia.

Família de Janildo ajudou a prendê-lo

Segundo a polícia, Janildo tem 38 anos, é aposentado por invalidez e possui uma série de antecedentes por crimes sexuais, furtos, roubos, tráfico de drogas e até homicídio. Ele morava com a mãe e a irmã, que, ao notarem seu comportamento estranho e histórico violento, ajudaram a polícia a prendê-lo.

Em depoimento, as parentes disseram que desconfiaram dos horários em que Janildo ficou fora de casa durante o fim de semana em que Amélia desapareceu e, principalmente, do comportamento estranho que ele apresentava sempre que elas comentavam sobre o desaparecimento da menina em casa.

Janildo da Silva Magalhães foi indiciado pela morte e estupro da adolescente Amélia Vitória, em Aparecida de Goiânia — Foto: Divulgação/Polícia Civil

“Ele saiu de casa já com um comportamento estranho. A mãe dele diz que ele falou: ‘Eu vou sair, não me espere. Não sei se vou voltar amanhã e nem se vou estar vivo’. No dia seguinte, retornou já com outro comportamento, dizendo que ia pintar a bicicleta e depois sempre ficando alterado com reportagens da menina na televisão”, afirmou o delegado Eduardo Rodovalho.

A irmã de Janildo também relatou que, quando ele chegou em casa na manhã seguinte ao desaparecimento de Amélia, rasgou a camiseta que estava usando e a deixou em um canto da casa. A familiar recolheu os pedaços da roupa e guardou. A polícia acredita que o intuito dele era queimar ou descartar os restos da camiseta, para evitar uma possível identificação.

A polícia também acredita que a comoção da família de Janildo com o sumiço de Amélia influenciou o suspeito a voltar à cena do crime para abandonar o corpo na rua para que pudesse ser encontrado. A perícia indica que ele envolveu o corpo no lençol e o arrastou até a rua.

“A irmã dele disse que dizia: ‘Além de fazer maldade, não dá à família nem a chance de se despedir’. Eu acredito que essas palavras fizeram com que ele voltasse a colocar o corpo na rua”, disse o delegado.

Crime

Amélia Vitória saiu de casa no dia 30 de novembro para buscar a irmã caçula na escola, no Residencial Astória. A família contou que só percebeu que a adolescente sumiu após a equipe da escola ligar e dizer que ninguém havia aparecido para buscar a irmã dela. Neste dia, a bicicleta de Amélia havia estragado e, por isso, ela foi andando. Além disso, não levou o celular por causa da chuva.

Segundo os investigadores, Janildo tinha o costume de sair com uma bicicleta e cometer furtos e roubos na região onde Amélia Vitória desapareceu.

“Muito possivelmente ele saiu naquela data para praticar roubo e furto. Ao avistar a vítima passar, quando ia buscar sua irmã na escola, em um local bastante ermo, que é próximo a uma mata, e ele, contumaz nos delitos de ordem sexual, raptou a vítima e a levou para trás de um imóvel, que fica perto de uma mata, onde teria a violentado a primeira vez”, afirmou o delegado Eduardo Rodovalho.

Após esse primeiro ato de violência sexual, Janildo colocou a vítima no cano da bicicleta e fez um percurso de aproximadamente 6 km com ela, até chegar a um local que ele usava como esconderijo para usar drogas e colocar objetos roubados.

“Durante a trajetória, ele chegou, inclusive, em uma subida, a obrigar a vítima a descer da bicicleta e empurrar a bicicleta para ele. A vítima, você via que estava completamente paralisada pelo medo”, contou Rodovalho. Segundo o delegado Eduardo, no imóvel abandonado, Janildo teria estuprado Amélia durante toda a noite, até decidir matar a estudante por meio de asfixia.

“É um imóvel abandonado, insalubre, que ele usava como esconderijo, onde continuou com a prática de crimes sexuais. Até pela vasta presença de elementos e vestígios, nesse sentido, inclusive com a presença de sangue no colchão”, relatou o delegado.

Durante a perícia foram encontrados diversos vestígios de abuso sexual, como peças íntimas, sangue e fios de cabelo da menina. Suspeita-se também que a asfixia contra ela tenha sido praticada com um golpe mata-leão ou com o auxílio de um lençol.

Novas vítimas podem surgir

Janildo responde na Justiça por um crime de estupro praticado em Rio Verde, em 2017. Segundo a polícia, a dinâmica deste crime é bastante similar ao crime praticado contra Amélia. Mas, como o caso corre em segredo de Justiça, não serão repassados mais detalhes sobre ele.

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