O ex-jogador e técnico Mario Jorge Lobo Zagallo morreu nesta sexta-feira, aos 92 anos. A informação foi divulgada em seu perfil no Instagram. A causa da morte, no entanto, ainda não foi divulgada. Único brasileiro campeão mundial como técnico e como jogador, Zagallo estava aposentado desde 2006, após a Copa do Mundo da Alemanha, e conviveu com inúmeros problemas de saúde. A última internação havia sido em julho do ano passado por causa de uma infecção respiratória.

Morre Zagallo: “pai devotado, avô amoroso”

“Um pai devotado, avô amoroso, sogro carinhoso, amigo fiel, profissional vitorioso e um grande ser humano. Ídolo gigante. Um patriota que nos deixa um legado de grandes conquistas. Agradecemos a Deus pelo tempo que pudemos conviver com você e pedimos ao Pai que encontremos conforto nas boas lembranças e no grande exemplo que você nos deixa”, diz a nota publicada nas redes sociais.

Ele ficou internado por quase duas semanas, mas recebeu alta às vésperas do seu aniversário de 90 anos. Viúvo desde 2012 de Alcina de Castro, Zagallo deixa quatro filhos: Maria Emilia de Castro Zagallo, Paulo Jorge de Castro Zagallo, Mário César Zagallo, Maria Cristina de Castro Zagallo.

Presente no Maracanazzo

Ainda menino, o alagoano criado na Tijuca e jogador das categorias de base do América, jogou no terreno onde seria construído o então maior estádio do mundo para a Copa da 1950. Já com o Maracanã de pé, viu das arquibancadas, onde fazia a segurança como militar da Polícia do Exército, a traumática vitória do Uruguai sobre o Brasil na final. Era uma daquelas 200 mil pessoas testemunhas do Maracanazzo.

Não demorou muito para o estádio fazer parte constante da sua vida. Assim como a seleção brasileira. A “Formiguinha”, como era conhecido, teve participação ativa no meio-campo de Flamengo e Botafogo e da seleção bicampeã do mundo em 1958 e 1962. Já o “Velho Lobo”, comandou títulos inesquecíveis tanto dos clubes quanto do Brasil.

A passagem pelo Flamengo, como jogador, não foi tão emblemática. Mas lá estava ele no tricampeonato carioca dos anos 1950. A memória do rubro-negro, no entanto, está viva na final do Carioca de 2001. Enquanto Petkovic fazia o gol de falta que dava mais um tri estadual, Zagallo se agarrava à beira do campo com a imagem de Santo Antônio, de quem é devoto e de onde vem a superstição com o número 13: o dia do santo é 13 de junho.

Já no Alvinegro, fez parte do momento mais glorioso do clube, ao lado de Didi, Garrincha e Nilton Santos. Bicampeão carioca dentro de campo, em 1961 e 1962, e comandante do primeiro título brasileiro do Botafogo, na então chamada Taça Brasil, em 1968. Zagallo também teve passagens por Fluminense e Vasco.

Mas seu nome correu o mundo com a “Amarelinha”. Oito anos depois de testemunhar a derrota do Brasil no Maracanã, lá estava ele na Suécia ao lado de Pelé, e dos companheiros Garrincha, Didi e Nilton Santos, comandados por Vicente Feola. Repetiu o feito no Chile.

Único tetracampeão do mundo

Zagallo se retirou dos gramados e continuou fazendo história à beira do campo. Comandou a seleção em 1970, no tricampeonato mundial, e, 24 anos depois, como coordenador técnico auxiliou Carlos Alberto Parreira na campanha do tetra. Ali, se tornou o único tetracampeão do mundo: dois títulos como jogador (1958 e 1962) e dois títulos na comissão técnica.

Dois anos após o tetra, Zagallo comandou a seleção nos Jogos Olímpicos de Atlanta, em 1996. Recheada de craques, como Ronaldo Fenômeno, Bebeto, Roberto Carlos, Rivaldo e Dida, a equipe viu o sonho do ouro olímpico ruir nas semifinais diante da Nigéria. O Brasil vencia por 3 a 1 a 20 minutos do fim do jogo, mas permitiu o empate. Na prorrogação, Kanu fez o golden gol. O time conquistou o bronze ao golear Portugal.

Viveu o drama da derrota para a França, na final de 1998, após ser criticado por não levar Romário ao Mundial, e se despediu da seleção em 2006, novamente, pelas mãos dos franceses, nas quartas de final, reeditando a parceria de 1994 com Parreira. Ao todo, foram cinco finais em sete Copas do Mundo disputadas, e o reconhecimento da Fifa, que lhe concedeu a Ordem de Mérito, em 1992, a mais alta honraria da entidade.

Zagallo encerrou a carreira com os seguintes números pela seleção brasileira: 135 jogos (99 vitórias, 26 empates e 10 derrotas), como técnico. À frente da seleção olímpica, foram 19 partidas (14 vitórias, três empates e duas derrotas). Como coordenador técnico, Zagallo foram em 72 jogos (39 vitórias, 25 empates e oito derrotas).

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