A Justiça atendeu ao pedido da Polícia Civil e determinou que Gustavo Borges da Silva não frequente e nem mesmo se aproxime da Academia Espaço Fit, na cidade de Inhumas, pelo prazo de 180 dias. O jovem é investigado por exercer ilegalmente a profissão de personal trainer no estabelecimento e, ainda, suspeito de ter causado lesões em uma aluna, que precisou ser internada na UTI após ser pressionada a praticar exercícios pesados.
Ao g1, Gustavo disse que não está autorizado por sua defesa a comentar sobre o caso. Por isso, afirmou somente que vem sofrendo perseguição e que vai provar sua inocência. Ele também enviou um documento que mostra que é estudante de Educação Física pela Universidade de Uberaba (Uniube).
A reportagem também tentou contato pelas redes sociais com a Academia Espaço Fit, mas não obteve retorno.
Além de não poder se aproximar do estabelecimento, a determinação também proíbe Gustavo de exercer qualquer atividade profissional que exija habilitação em Educação Física. Sendo assim, ele também terá que retirar de suas redes sociais qualquer publicação que dê a entender que desempenhe tal profissão.
O g1 procurou o Conselho Regional de Educação Física Goiás (Cref-GO), mas a entidade ainda não se manifestou sobre o assunto até a publicação desta reportagem.
Aluna na UTI
A vítima, de 19 anos, contou à polícia que fez aulas com o personal no final de maio. Na época, ela diz ter explicado que estava sedentária e que se recuperava de uma cirurgia nas mamas, feita há 3 meses. A partir disso, Gustavo teria passado a ela treinos pesados.
Já no segundo dia de aulas, a jovem começou a reclamar com o personal que estava sentindo muitas dores e que não conseguia concluir os exercícios. Ela diz que sentia as pernas inchadas e até gosto de sangue na boca.
Mesmo assim, ela afirma que Gustavo dizia: “Você está com moleza, tem que aguentar a dor. Se você não aguentar a dor, nunca vai parar de doer. Vamos, vamos, não para não!”.
Preocupada, a aluna procurou um hospital na cidade de Inhumas. No laudo do primeiro atendimento, a médica relatou que a jovem tinha dor intensa na coxa direita, associada a colúria após atividade física – coloração escura da urina, que pode estar relacionada a doenças do fígado.
No dia 6 de junho a jovem precisou ser internada no Hospital Jacob Facuri, em Goiânia. O quadro dela era de rabdomiólise – doença que afeta os rins e que pode ter sido causada em razão do grande esforço físico.
A reportagem não conseguiu contato com a jovem para atualizar o estado de saúde dela.
Academia multada
Após a denúncia da aluna, a Polícia Civil fez uma ação de fiscalização com o Conselho Regional de Educação Física na Academia Espaço Fit, no dia 5 de setembro. Na ocasião, dois funcionários foram flagrados trabalhando sem certificação.
Conforme a polícia, inicialmente, os dois alegaram que eram estagiários na academia, mas não apresentaram documentos que comprovassem a formação. A academia também não apresentou contratos de estágio.
Diante de tudo isso, o estabelecimento recebeu três multas. Juntas, elas somam quase R$ 13 mil.
No dia seguinte à operação, o dono da academia publicou um vídeo amenizando o ocorrido e dizendo que nenhuma irregularidade havia sido encontrada.
“Não é a primeira, nem a segunda e nem a terceira vez que eles vêm aqui para fazer esse trabalho, procurando alguma irregularidade que esse denunciante falou. Mas foi só uma coisa de rotina, não teve nada”, afirmou.
Investigação
De acordo com o delegado Miguel Mota, o caso continuará sendo investigado. Ele afirma que existem diversos elementos que mostram que Gustavo, além de atuar ilegalmente, também prejudicou a saúde da aluna.
Reforçou também que, a partir da decisão da Justiça de acatar as medidas cautelares solicitadas por ele, Gustavo e o dono da academia em questão foram intimados.
Fonte; G1