A Justiça de Goiás decidiu por manter a condenação de mais de 24 anos de prisão para os acusados de matar corretor Wellington Freitas, de 67 anos, para não pagar comissão no valor de R$ 8 milhões, que anteriormente seria de R$ 20 milhões. Após tribunal do júri, as defesas de Rogério Oliveira Muniz e Rogério Teles Borges havia pedido a redução da pena e liberdade provisório.
Ao g1, a defesa de Rogério Teles Borges informou que recebeu a manutenção da pena com “profunda irresignação”, pois a condenação apresenta “nulidades graves e ausência de provas nos autos”. Além disso, a defesa disse que está preparando os recursos cabíveis às instâncias superiores.
O g1 tentou contato com a defesa de Rogério Oliveira Muniz, mas não teve retorno até a última atualização desta reportagem. Já a defesa de Renato de Sousa, fazendeiro acusado de ser o mandante do crime, informou que nada tem a se manifestar sobre o caso, pois os processos foram desmembrados.
Em contrapartida, o Ministério Público de Goiás (MPGO) pediu o aumento da pena de ambos acusados: pena de Rogério Oliveira Muniz para 31 anos e de Rogério Teles Borges, para 36 anos e dois meses de reclusão. Entretanto, foram negados tanto o pedido de redução dos advogados da defesa, quanto o pedido de aumento da pena feito pelo MPGO .
CRIME
O corretor de imóveis rurais Wellington Freitas foi encontrado carbonizado próximo de uma fazenda que ele tinha comprado há pouco tempo, em Rio Verde, no sudoeste de Goiás. O corpo foi localizado no dia 20 de junho de 2022, às margens da BR-060, e sua caminhonete, na GO-333. O corretor chegou a ficar 14 horas desaparecido.
Segundo a Polícia Civil, a causa da morte foi estrangulamento, porém ele chegou a ser queimado. A perícia disse que ele ainda respirava quando colocaram fogo no corpo dele.
INVESTIGAÇÃO
Segundo um dos filhos, o corretor seguiu a rotina normal, mas desapareceu às 9h da manhã. A família conseguiu monitorar a localização da caminhonete por meio de GPS, mas o sinal também foi perdido.
O delegado Adelson Candeo contou que o corretor não tinha recebido ameaças antes da morte dele, mas que ele fazia transações bancárias de valores altos. Nas semanas anteriores à morte, o corretor comprou uma fazenda e um avião. Tanto o fazendeiro quanto Rogério Muniz e Rogério Borges foram presos durante a investigação.
“O corretor estava negociando propriedades dele e de outras pessoas. Fez transações de valores muito altos em dinheiro. Isso chamou a atenção porque havia desentendimentos em algumas transações. Há possibilidades de relação entre esses negócios que deixaram pendências com a morte”, explicou o delegado.
DENÚNCIA DO MINISTÉRIO PÚBLICO
Em 2022, o Ministério Público denunciou o fazendeiro Renato de Sousa, Rogério Oliveira Muniz e Rogério Teles Borges pela morte do corretor. Segundo a denúncia, Wellington Luiz Ferreira Freitas vendeu uma fazenda de Renato de Souza por R$ 300 milhões. Inicialmente, a comissão do corretor seria no valor de R$ 20 milhões, mas foi reduzida posteriormente para R$ 8 milhões.
Por não querer pagar o valor, Renato de Souza teria encomendado a morte do corretor. Rogério Muniz e Rogério Borges executaram o crime, de acordo com a denúncia. Como Wellington Freitas estava cobrando o pagamento da comissão, Renato decidiu contratar Muniz por R$ 150 mil para matar o corretor. Muniz aceitou a proposta e recebeu um adiantamento de R$ 30 mil.
Ainda segundo a denúncia do MP, Muniz abordou Wellington Freitas, se passando por cliente interessado em comprar um imóvel. No dia do crime, eles se encontraram, e Wellington levou Rogério até a própria fazenda, com o intuito de vendê-la.
Na fazenda, quando ambos estavam dentro do carro do corretor, Muniz o imobilizou com uma corda e o enforcou. Acreditando tinha matado Wellington Freitas, o acusado deixou o corpo no local e fugiu.
Segundo a denúncia, na noite do crime, Muniz recebeu um telefonema de Teles, exigindo que ele “terminasse o serviço”. Assim, ele retornou ao local do crime e incendiou o corpo da vítima, na tentativa de apagar os vestígios. Teles monitorou as ações de Muniz e deu-lhe apoio logístico, de acordo com o MP.
Em agosto de 2024, Rogério Oliveira Muniz e Rogério Teles Borges foram a júri popular, em Rio Verde, e foram condenados a 24 anos de prisão.
Fonte: G1