A extração ilegal de minérios em solo goiano tem se expandido com a migração de garimpeiros vindos do Pará, Maranhão e Piauí. A atuação de exploradores tocantinenses e amazonenses, em Goiás, também já foi detectada pelo Batalhão Ambiental da Polícia Militar.
Entre janeiro e maio de 2024, a corporação retirou de circulação seis balsas usadas por garimpeiros, que resultaram em oito presos. No decorrer de 2023, o número de embarcações chegou a 19, tendo sido encontradas em oito cidades distintas.
O total de presos no período foi de 50 e, aproximadamente, 70 gramas de ouro foram apreendidos. Os dados revelaram um salto de 35% no número de embarcações desarticuladas, 66,6% na quantidade de presos e 33,3% no acréscimo de cidades em que a atuação do garimpo foi detectada, se comparado ao ano de 2022.
“O minério pertence à União, e garimpar sem a licença, é considerado crime federal de usurpação de patrimônio da União, além de crime contra o meio ambiente. Os locais onde os garimpeiros atuam tende a ter um aumento de homicídios, tráfico de drogas, ameaça e, principalmente, crimes sexuais”, afirmou o comandante do Batalhão Rural, tenente-coronel Geraldo Pascoal.
O garimpo também atrai organizações e facções criminosas, que veem no comércio ilegal de minérios, a oportunidade para lavar dinheiro e comercializar entorpecentes. Em Goiás, os flagrantes ocorreram em cidades banhadas por grandes cursos d’água como o Rio do Peixe e o Rio Corumbá. São elas: Israelândia, Corumbá de Goiás, Pires do Rio, Niquelândia, Crixás, Iporá e Santa Cruz.
No último dia 4, a corporação flagrou quatro garimpeiros em plena atividade, em Santa Cruz de Goiás. O batalhão, no entanto, não conseguiu encontrar ouro em posse dos criminosos, visto que a produção do dia havia sido recolhida. As apreensões são um dos desafios da polícia.
“Para que os garimpeiros respondam pelo crime de usurpação de patrimônio da União, é necessário pegá-los com ouro. Porém, quando eles percebem a presença da polícia, eles descartam o minério para fugir do flagrante. Aí eles respondem apenas pelo crime ambiental e não ficam presos”, explicou Pascoal.
Ameaças e dificuldades
Os garimpeiros também trazem prejuízos à população local, principalmente ribeirinhos e proprietários de zonas rurais, que têm as terras invadidas, a fonte de renda (pesca) prejudicada pela poluição com mercúrio (metal altamente poluente) e ainda precisam conviver com ameaças. Grande parte das atuações do batalhão, conforme o tenente-coronel, ocorrem por meio de denúncias de moradores.
Devido a dificuldade de acesso às balsas, comumente localizadas em áreas de difícil acesso, as denúncias são essenciais para o combate ao garimpo no estado, de acordo com o comandante. As ações são realizadas de canoa motorizada e a pé, visto que as embarcações não conseguem chegar em determinadas localidades.
Por conta da dificuldade de locomoção, as balsas são destruídas no mesmo ponto em que são encontradas, a fim de evitar a exploração criminosa de minério. Pascoal, no entanto, diz que a reincidência de garimpeiros é grande, mas que o garimpo não tem avançado e se mantido estável, em Goiás, devido às ações de combate das forças de segurança pública.
“São pessoas sem compromisso nenhum com a sociedade local. Já teve vezes que destruímos três vezes a balsa da mesma pessoa. Porém, há uma cadeia. Há as pessoas que trabalham nas balsas, os donos das balsas, o receptador. Por mais que a gente trabalhe, essa prática ainda tem ocorrido”, concluiu.