Em abril deste ano, a pesquisa do Instituto Alcateia Outsourcing em Porteirão foi impugnada pela Justiça Eleitoral, após denúncia de “indução do eleitorado” feita pelo presidente do Progressistas (PP), Antonio Felício – representado pelo seu advogado Luciano Hanna. O levantamento de intenções de votos chama atenção pela metodologia do questionário que mistura perguntas sobre dengue com pré-candidatos.

Além disso, segundo Hanna, não há registro da empresa com atividade de pesquisa. O advogado pontua ainda disparidade entre o CNPJ da empresa contratante e a entidade executora da pesquisa. O sócio administrador da Alcateia é identificado como Wagner Martins. No registro na Receita Federal consta um contato telefônico e o Jornal Opção tentou contato, mas sem sucesso. O espaço continua aberto para manifestação.

Outra questão chama a atenção é a ausência dos contratantes da pesquisa, uma vez que os custos dos levantamentos superam o capital social da empresa, que foi declarado em R$ 5 mil. Apenas com os 42 municípios identificados no portal do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), pela reportagem, ao custo de R$ 2,5 mil, chega ao total de R$ 210 mil. “Quem contratou isso? Se eles vão vender depois? Mas é muito estranho tudo isso”, enfatiza Hanna.

No caso de Porteirão, por exemplo, o levantamento foi conduzido pelo Instituto Alcateia Outsourcing e operacionalizado pela empresa Synapsis. Em Maurilândia, o cabeçalho do mesmo questionário da Alcateia Outsourcing – utilizado em mais de 40 municípios – aparece com o nome de TV  Synapsis/Unicamps – Instituto Pesquisas.

“A empresa Alcateia é subcontratada. A pesquisa é da Unicamps, a Alcateia é subcontratada por ela, a Alcateia na razão social e na descrição não tem atividades para pesquisas. Esse é um dos motivos para o pedido de impugnação por nós”, ressaltou Hanna. A FacUnicamps foi procurada pela reportagem, porém, o contato não atendeu e nem respondeu a mensagem.

Para o juiz, os quesitos no questionário não se referem ao pleito eleitoral, “mas a questões inerentes à gestão municipal, abordando temas relativos à combate à dengue, situação que não se enquadra na pesquisa eleitoral de intenção de votos”, sentenciou.

Dentre os questionamentos estão: “Como você avalia o serviço de Combate à Dengue aqui na sua cidade?”; “Existe na sua rua lotes vazios e abandonados, sem limpeza e com muito mato?”; e “Você tomaria a vacina contra Dengue?”.

Para a impugnação das pesquisas nos demais municípios, Hanna pontua que os partidos precisam entrar com ações na Justiça Eleitoral.

Caso de prisão

Essa não é a primeira vez que institutos de pesquisas se envolvem em fraudes em sondagens eleitorais. Em 2020, o proprietário da empresa Ipop Cidades e Negócios Eireli, Márcio Rogério Pereira Gomes, foi preso por divulgação de levantamentos fraudulentos.

De acordo com a Justiça, a empresa mantinha a fachada de regularidade de publicações, mas ocultava as vantagens econômicas dos patrocinadores do crime, isto é, de quem pagava pelos levantamentos.

Confiram os 42 municípios listados no TSE, que há pesquisas da Alcateia Outsourcing:

  • Goiânia
  • Goianápolis
  • Heitoraí
  • Avelinópolis
  • Taquaral de Goiás
  • Santa Helena de Goiás
  • Trindade
  • Piracanjuba
  • Itaguari
  • Castelândia
  • Iporá
  • Americano do Brasil
  • Doverlândia
  • Palmeiras de Goiás
  • Piranhas
  • Aragarças
  • Itaguaru
  • Turvelândia
  • Santo Antônio do Descoberto
  • Porteirão
  • Taquaral de Goiás
  • Mineiros
  • Castelândia
  • Acreúna
  • Buriti de Goiás
  • Maurilândia
  • Nerópolis
  • Sanclerlândia
  • São Luiz de Montes Belos
  • Inhumas
  • Anicuns
  • Corumbá de Goiás
  • Cidade de Goiás
  • Mossâmedes
  • Quirinópolis
  • Santo Antônio de Goiás
  • Taquaral de Goiás
  • Castelândia
  • Santa Helena de Goiás
  • Córrego do Ouro
  • Adelândia
  • Panamá

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